quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Sapi

Sábado promete ser um dia agitado. A Sociedade dos Amigos do Parque de Itaúnas (Sapi) convocou assembleia para discutir o futuro da entidade que vem lutando há anos e muito contribuiu para que Vila de Itaúnas esteja hoje no patamar de preservação em que se encontra. Tanto no que concerne aos recursos naturais, quanto no que tange ao saber tradicional.
Desde 1991, com a criação do Parque, a pequena vila de pescadores transformou-se em zona de conflito, onde os interesses da comunidade tradicional, do Estado e da indústria do turismo passaram a digladiar, ora de forma aberta, ora veladamente. Implantar uma Unidade de Conservação de uso indireto envolvendo uma população extrativista por excelência foi um erro crasso do Estado.
É nesse contexto que surge a Sapi. Numa época em que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente convivia com um modelo de gestão que adotava o caixa único de governo, e os recursos trilhavam terreno árido para chegar ao Parque, a Não Governamental aparecia como opção para tornar a Unidade de Conservação autossustentável, partindo do pressuposto de que a produção artesanal, a gerência do estacionamento, a exploração financeira dos equipamentos turísticos e a elaboração de projetos paralelos, encurtariam a distância entre a riqueza proveniente do turismo e as ações de preservação ambiental.
Romantismos à parte, a ideia mostrou-se excelente. A Sapi nasceu forte e combativa. Dispôs-se aos enfrentamentos, contribuiu com os diversos debates, expôs umas feridas e cutucou outras. Foi parceira, fiscalizou e rompeu com governos. Foi parceira, fiscalizou e rompeu com as transnacionais.
Não demorou e o Estado percebeu que gerir o meio ambiente via Secretaria era pesado e criou o Instituto Estadual de meio Ambiente (Iema), com um jeitão meio ONG, para, entre outras coisas, gerenciar os parques. A Sapi jamais foi gestora da Unidade, mas honrou seus convênios.
Nos últimos anos, a entidade buscou uma identidade mais social, atendendo parcelas da população até então desassistidas. Nisso também tem sido grandiosa. Agora, a diretoria chama os filiados á reflexão: Que caminho tomar?
Sapianos históricos hoje estão distantes. Os que carregam o piano têm importantes decisões a tomar neste sábado. As questões ambientais que envolvem o Parque e a Vila de Itaúnas não são menos graves agora do que foram antes.
A Vila cresceu, os atores são outros, o nível de organização mudou e cabe à Sapi apontar o seu futuro.

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